A Semana Santa e o alerta
Crônica de João Paz
Céu do Mapiá
Mês de abril repete tempo demonstrado no dia quatro de janeiro. Forte calor, Mormaço, Vento leste carregado de umidade e chuvas fortes que rapidamente enchem caixas de agua e conservam o nível do igarapé.
Foto: Panela de feitio no Mapiá
Crédito: Fernando Lagos/2004
Peixes em cardumes navegam livremente até encontrar as malhadeiras prevenidas, anzóis, linhadas. Na fazenda São Sebastião matinchãs, branquinhas surubins, tambaquis, cachorrão completam as mesas dos mutirões. Zé Camilo, Gerson, Gilmar, Gilcimar, Nazaré, Antônia, Graça, outros jovens e crianças participam preparando a horta, limpando o folhal, colhendo. Francisco Corrente é lembrado e sempre aparece em seus sonhos.
Pequeno festival da Semana Santa traz Hinário “O Justiceiro” no domingo de Páscoa. Bernardo Albino comemora seus 70 anos. Festeja junto com Raquel. Trabalho das crianças tem boa participação na Comunidade São Sebastião.
Atenção e vigilância da Semana Santa traz mais um forte sinal de alerta. Nosso querido Gabriel com fortes dores se apressa em sair procurando recursos, cura ou alívio. Sua mãe, Sebastiana, conhece seu sofrimento e apressa a viagem. Edilson contrata Salomão e o 40 HP rompe cortando as voltas. O pai segue atrás com outra lancha, seguindo de perto.
Fazem pequena parada para reza com Sr. Manoel e prosseguem com rapidez e atenção. Ao chegar próximo ao Igarapé Preto Gabrielzinho balbucia: -"Mamãe me abana, Mamãe quero Daime". Dona Sebastiana abana, serve uma gota do Sacramento. O menino sorve a gota do Vinho vira e descansa sua cabecinha. Em vão sua mãe lhe chama, faz massagem, força a respiração.
Salomão para a lancha, Logo alcançada pelo Edilson. Quarta feira, dia da semana consagrado ao Arcanjo Gabriel, onze de abril de 2012. Meio dia a lancha encosta no porto do Santo Antônio. Um grupo de pessoas não acredita no que vê e escuta. Edilson expõe o menino sem vida deitadinho na lancha. Ninguém esboça qualquer palavra nem qualquer ação. Dona Francisca conforta os pais e desce na lancha para acabar de arrumar o corpinho inerte. O pai atende seu pedido: cobre o corpinho com uma bandeira do Corinthians. 28 de março completaria seus doze aninhos.
Tiú segue na frente. Vai preparar o ambiente: urna, sepultura, falar com cuidado para as vovós.
Devoto do Santo Daime desde o nascimento guardava uma paixão em seu coração que às vezes revelava: - "Serei corintiano até morrer". Ao desfalecer arrumou a toalhinha do Corinthians sob a cabeça e suspirou pela última vez. Pense na pureza de um anjo? Pense num torcedor fiel? A despedida contou com a participação maciça de toda a juventude passando a noite em oração cantando diferentes hinários. Uma quase repetição dos trabalhos da Estrela da Mata, do qual era com seus irmãos e amigos assíduo participante, não só dos trabalhos como dos feitios. O sepultamento acompanhado de muita emoção não poupou olhos tristes, lágrimas, dor muito grande dos pais e avós, mas, também conformação ao destino de nossa vida espiritual: ..."Vou alegre satisfeito\ Para meu Pai me consolar"... .
Feitio da Estrela da Mata volta reunir os jovens e renovar tradição com as bateções pela madrugada; Coelhão, Zé Maria, Toínho, Damião Arruda, Fran. Antônio Irineu e outros jovens ajudam Sidnei e Chico Leal rachando lenha raspando Jagube. Dona Francisca, Jussara, Rosana, Dalvininha Fabricia e outras mocinhas limpam e catam as folhas, Fabiana, Manuela fazem atendimento vip na cozinha cozinhando e atendendo.
Concentração do quinze de abril tem Daime concentrado e morno feito pela equipe da Estrela da Mata. Meninas trazem bolo confeitado com frutas cristalizadas, ameixas e comparecem na casinha após o trabalho. Clima descontraído ouve as caixas de som reproduzir gravações do hinário “Visão do Apocalipse” e o próprio dono do hinário com sua guitarra elétrica. Galera esboça sentimentos de saudades do companheiro.
Trabalhos na igreja nova já com a sexta ponta armada. Trabalhadores se esforçam para concretar as colunas menores até a volta do Padrinho.
E num país do norte corrida presidencial apresenta Macaco Preguiça contra Jabuti. Caranguejo desiste. Passarinhos do Santo Daime voam da Costa Leste para a Costa Oeste, passam pelas Montanhas Rochosas, navegam para o norte e para o sul nas ilhas do Pacífico. Delegações acompanham. Comitiva do Mapiá reduzida com problemas de visto. Corintianos e palmeirenses ficam no Brasil. Liderança e carisma do Padrinho Alfredo pratica união de uma infinidade de pequenos grupos e realiza inúmeros fardamentos. É notável o progresso da Doutrina nas terras do norte. Banda Gregório Raulino aumenta o show. Igreja Nativa, Americanos, Canadenses ficam ativos e participantes na Semana Santa e Páscoa.
...”Se não vivermos unidos/Não podemos ser feliz”... .
João Paz
A Nave Espacial