A Crônica do Encontro Pela Unidade no 11.11.11
Céu do Mapiá
11 do 11 do 11. Portal das Unidades. Dia Mundial de Oração Pelas Águas do Planeta. Temporada é encerrada em todo o mundo em reuniões festivas de louvor e gratidão ao Criador e a toda a Natureza.
Texto: João Paz
Fotos: Álvaro
Final de outubro. Organizações ambientalistas, religiões espiritualistas, nativistas, movimentos culturais do Japão, da Europa, da África, das Américas, representantes de todas as regiões do Brasil, do Céu do Mapiá. Reúnem-se em Brasília, planalto central do continente. Muitos gritos de alerta. O CLAMOR. Povos massacrados por construção de barragens, florestas pisoteadas pelo lucro de poucos, ar contaminado, incêndios, cataclismas, tsunamis... Encontro Mundial do Conselho Internacional das 13 Avós, em Brasília, faz rezos e traz copiosas chuvas durante três dias. Velho Pajé diz que cachoeira chorou quando viu grande incêndio. Missas ecumênicas, Giras, Mesa Branca, Concentrações, Hinários, Saraus. Evento faz documento de alerta em cerimônia oficial de encerramento.
Na Vila Céu do Mapiá intensas atividades para dar continuidade local ao movimento com o Encontro Pela Unidade, de 01.11.11 a 11.11.11, e reunir todos os segmentos ligados ao Mestre Irineu, Padrinho Sebastião e Povos da Floresta, Huni Kuin, Tupis, Guaranis, Nativistas das Américas, da Europa, do Japão.
Associação de Moradores, GTI, Cooperar, trabalhadores de boa vontade transformam a Vila. Cozinha Geral, fachadas, lixos, açude, Igreja, feitios, trabalhos espirituais e materiais preparando o novo encontro e a nova aliança espiritual. Clara e Dona Regina se transformam em Samurais com brochas, pincéis, rastelos, trazendo o branco nas fachadas, limpeza nos jardins. Fundamental o apoio da Geral. Nilda, Luanda, Nívea, Ivaneide e outras colaboradoras dão suporte. Dario, Belmiro, Rogério, Rodrigo, Sérgio, Fênix Osvaldo Gimenez, transformam bambu e buritis em arranjos e arte. Zezé, Élcio, Raimundo Antônio e trabalhadores preparam espaço para receber e montar a grande lona e a geodésica desenvolvida por Silvio Galvão, Tiago, Airton. Uma onda de criatividade acompanha uma notável transformação na Vila.
Vovós mapiense acompanhadas por inúmeros visitantes nacionais e estrangeiros retornam de Brasília. Comitivas, representantes de igrejas irmãs, festejam todos os santos e as almas. Em viagem Padrinho Alfredo participa de memorável trabalho na Colônia Cinco Mil.
Netos dignificam e desenvolvem trabalhos dos avós. Encontro começa com o Fogo Sagrado aceso e conservado em vigília até o encerramento do Evento. Santa vem do Japão para a atividade. O japonês fricciona sua vareta depois faz três giros com o braço e galera solta apupos de emoção ao ver serpentear no ar a bela chama violeta, verde e amarela. Depois o Fogo é levado ao centro do terreiro do novo Templo. Fabiano, Thanabane Huni Kuin pratica o que aprendeu com seu avô e conduz a dança da jiboia, da tartaruga e de outros seres da mata, à luz da lua e das estrelas.
Na noite seguinte o trabalho de Cura “A Linha de Arrochim” é apresentada por Renato, Robson, Regiane e Rosa. Em palestra Robson perpetua palavras do Padrinho Wilson Carneiro: “Meu avô sempre dizia, não tenham medo de tomar Daime, Daime não mata e não aleija. Antes, faz é curar e iluminar”. Preleção ainda alerta para maior atenção na participação dos trabalhos, com bom uso do fardamento, horário, concentração nos trabalhos. Sua família cultiva a memória do Padrinho Sebastião e tem toda estima da Madrinha Rita e de todos nós.
Paulo Roberto com a filha Jordana dirigem Estrelão na Lua Cheia, apresentando hinário de cura e iluminação, Nova Aliança e Madrinha Nonata. Na Estrela da Mata, com a presença do Pd. Alfredo, comitivas cantam “A Mensagem“ e sentem a presença espiritual da Mad. Cristina em forte atuação de médium. Comitivas e jovens desfrutam o Santo Daime, fogueira, “Visão do Apocalipse” (hinário do Agarrube), hinário da Santa Maria até o dia clarear.
Lua crescente ostenta olho do sol ao seu redor. Uma auréola de arco íris anuncia sequidão. Em dia especial formigas tomam os caminhos, macacos cantam de madrugada, Bicos de Brasa cantam em coro à tarde. Massas de ar carregadas de umidade se reúnem no horizonte das matas e então caem chuvas Divinas que refrescam o ambiente. Para repouso de todos se soma o som festivo das Gias pelos campos: Uuóco, Uuóco, Uuóco... .
O Sol se põe. Seguindo está Scorpius, o escorpião, Sol de Antares e um astro. É o planeta Mercúrio. Na Mitologia é Hermes o mensageiro representado com asas nos pés, levando as mensagens na corte dos deuses. A lua segue na constelação de Carneiro acompanhando Júpiter seguido ainda pelo Sete Estrelas, Compasso, Cinturão de Órion, Sirius e tudo mais.
Na grande tenda de palha no espaço da Santa Casa Ênio Staub, o grupo do Caminho Vermelho, com representantes do mundo inteiro se reúne em torno do Fogo Sagrado. Várias medicinas dão sustentabilidade à noite de orações: ritual dos Quatro Tabacos Sagrados reúne propósitos de profundo respeito às aguas, ao ar, à terra, à Mãe Criadora. São Pedrito, Cogu Rei, Santo Daime. Por fim foi celebrada e consagrada a Aliança do Santo Daime e Igreja Nativa da América. A Igreja do Fogo Sagrado. Pela Aliança, nosso presente, o Cipó Jagube segue em definitivo para o México e a Sagrada Pipa, o cachimbo da paz, permanece no Mapiá para sempre. Pd. Alfredo garante a continuidade e desenvolvimento da Aliança. Também é condecorado com o sagrado cocar do Cacique Geral Huni Kuin. Agradecimentos à Mãe Terra, aos alimentos, aos guias, aos participantes, aos familiares. Farto e sagrado alimento é dividido encerrando as atividades. O sol já ia alto.
Final da tarde. Equipe prepara atendimento de Santo Daime numa clareira da mata. É o Jardim da Natureza aplacando o calor. Utilitários transportam cadeiras e muitos se acomodam nos bancos improvisados de pranchas e tocos de madeira. Lua Cheia e Júpiter confortam, iluminam e conduzem à festa com hinários da Mad. Tetê, Mad. Rita, Nova Era e Nova Dimensão. Tudo filmado pela National Geografic série Tabu.
Novamente tivemos a oportunidade de ter entre nós a graça do Professor Luiz Mendes, Mestre Conselheiro, sua esposa Rizelda, a irmã Francisca, os filhos Saturnino, Sólon, a nora Augusta, neta e numerosa comitiva de jovens. Cantam a Oração, Os Chamados, Novo Horizonte, manifestações espirituais e palestras iluminadas.
Dirigente do Centro Eclético Flor de Lótus Iluminado Cefli destaca o carisma do Pd. Sebastião, virtudes e conselhos do Mestre Irineu. Entre outras lições contou do gosto que o Mestre tinha por boas leituras e pelo cultivo de boas conversas. Lembrou que o bem estar presente nesses momentos são acompanhados por seres espirituais em nossas proximidades. Saturnino lembra a santa oportunidade que tivemos de participar de banquetes espirituais numa colônia espiritual alertando com a possibilidade verdadeira de termos e cultivarmos a presença de Deus encarnado na floresta e dentro de cada um de nós. Sempre se lembra do clamor que atinge o mundo inteiro e por outro lado o merecimento de viver na proteção da floresta cultivando a oração, os bons costumes. “... Mas como é lindo no cair da tarde/Meu pai abençoa a toda a irmandade...”.
A lógica matemática traz muitas lembranças como a igualdade do 111 para todas as idades. Maria Eugênia comemora aniversário no 11 do 11. Raimundo Rocha comemora 11 anos de sua última visita. Sua Comunidade no Rio Purus, extrema do Acre, teve vitórias e crescimento. Conseguiram garantir a formalização da Reserva Extrativista Arapichi e tem caminho seguro rumo à sustentabilidade.
Por fim assistimos a uma demonstração de uma clara e instantânea transformação. Nossa velha nave invadida com as obras da nova igreja forçou uma reorganização na arrumação do salão. Com muita calma e lucidez nosso Mestre Alfredo, pessoalmente, como se pressionasse o Ctrl+z, rearmou as filas como um toque de mágica. Destaque também para a animação do nosso comandante Pd. Valdete, que foi também o motorista de boa parte das comitivas, enfrentando viagens, buracos e lama de dia e hinários à noite e o ânimo incansável do Pd. Alfredo, à frente do início ao fim de todos os trabalhos. Sarau ainda demonstra bom-gosto e criatividade. Palco armado na praça enfeitada e iluminada por luz e luar recebe interpretações de duetos, trios, conjuntos cantando variedades dos Beatles, Mamas and Papas, Alceu Valença, Demônios da Garoa, Luiz Gonzaga. Poesias, crônicas, contos, piadas, malabares e pra terminar o Show Men Saturnino faz galera vibrar e cair todo mundo no chote ecológico
"Cadê a flor daqui? Poluição comeu \O peixe que é do mar\ Poluição comeu...”.
A Nave Espacial
João Paz
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