Por Juarez Duarte Bomfim
No ano da graça de 1992 a irmandade daimista do Brasil e mundo inteiro congregou-se para comemorar o Centenário de nascimento do Chefe Império Raimundo Irineu Serra Juramidã.
Ainda encarnado, o Mestre Irineu Serra tinha profetizado esse grande festejo ao receber o hino “Centenário”:
"Traí, traí, traí, tráááá.
Traí, traí, traí, tráááá.
Tráááá, tráááá..."
Ao som triunfante das cornetas/trombetas/clarins, que antes já haviam proclamado a chegada do centésimo hino do Mestre Imperador, agora em 1992 anunciavam o grandioso festejo que a sua irmandade, em gratidão, lhe oferecia.
"Te recebo, te recebo
Te recebo é com amor"
Momento único na história da doutrina daimista, essa festa foi local de encontros, reencontros e reconciliações da irmandade que ao crescer se dividia. Fiéis a recomendação do Mestre, seus discípulos denodadamente se esforçavam para lhe prestarem tributo da melhor maneira possível.
"Cada um que está comigo
Capriche e venha se apresentar"
O festival acontecia dois anos após a passagem do Padrinho Sebastião Mota de Melo para o mundo espiritual. A sua irmandade compareceu em peso ao evento que se realizou nas sagradas terras do Alto Santo. Dizem até que a Vila Céu do Mapiá se esvaziou...
Francisco Grangeiro Filho, seo Chico Grangeiro (conselheiro do CICLU, atual Centro Rainha da Floresta) era um dos anfitriões do evento, e durante aquela semana comemorativa recebeu o penúltimo hino do seu hinário (O Apuro), uma tocante valsa de nome “Objetivo” (hino nº 25).
"Mirando encontrei um amigo
Comigo veio conversar"
O Amigo que apareceu na sua visão, para aconselhar-lhe, foi o Padrinho Sebastião Mota. Como sempre, a mensagem dos hinos deixa margem a diversas interpretações, inclusive para o próprio aparelho receptor da canção. A primeira recomendação dada foi:
"O enfeite da casa dos outros
A tua não pode enfeitar"
Alguns dizem que, como o Francisco Grangeiro, feitor de Daime, estava entusiasmado com as novidades trazidas pelos visitantes, entre elas o “Daime-mel”, Sebastião Mota lhe advertia: continue a fazer o seu Daime como você sabe, como o Mestre lhe ensinou...
Porém, claro que cabem outras interpretações, tanto de forma ritualística e doutrinária, como de ordem pessoal.
A estrofe a seguir, é das mais lindas encontradas no cancioneiro daimista:
"O pouco com Deus é muito
Deus é quem tem pra nos dar
Sempre trabalhando com Deus
Tudo pode se alcançar'
Continuando, é reafirmada a missão de Raimundo Irineu Serra, de mestre-ensinador.
"O Mestre está ensinando
Àqueles que procurar
Quem não procura não vê
E nada pode alcançar"
O que ansiamos alcançar? Qual o nosso objetivo aqui na Terra?
Trabalhar para obter a salvação – a iluminação.
"Alcançando o seu objetivo
Capriche e vá trabalhar"
Agora, aparecem os versos premonitórios:
"O fim dos tempos está próximo
E muitos vem se apresentar"
Essa mensagem é entendida como a preparação necessária de todos nós para a grande viagem, o retorno à morada do Pai, com o desencarne.
Contam lá no Alto Santo que era o Chico Grangeiro antevendo a sua “viagem” e de outros amigos e irmãos. Isso porque no ano 2000 foram levados para o outro lado da vida importantes dirigentes daimistas. Além do próprio Francisco Grangeiro, o sr. Antonio Geraldo, o sr. Manuel Araújo, seu Alípio (feitor de Daime) e outros tantos irmãos.
"Quando esta estrela brilhar
Muitos não vão agüentar
Dá vontade de correr
E começar a chorar"
A firmeza nessa significativa hora é exigida.
"O chorar não adianta
O remédio é se controlar
Ter calma, fé e amor
Para poder alcançar."
Assim seja!